A HISTÓRIA DE UM PAR DE CADEIRAS DE BALANÇO

 

Quando criança, acompanhando meus pais em visitas a amigos em suas casas, deparava-me com uma dupla de cadeiras de balanço belíssima. No espaldar e no assento contemplava a palinha toda entrelaçada, a cadeira na cor escura que me levava a imaginar como seria bom me sentar em uma delas. Vaga ilusão! As cadeiras eram de um valor muito alto para as posses dos meus pais. O que fazer, então? Só admirá-las. Nós crianças, nem pensar em sentar nelas, somente os visitantes e os seus donos. Mas, o tempo foi passando, passei da infância para adolescência. Tempo de sonhos e de esperanças. De namoro. De amigos verdadeiros (colegas de colégio). De despedidas. De sentir saudades. Vez por outra em grupos de estudos nas residências de minhas colegas, encontrava as tão sonhadas cadeiras. O seu requinte imperial continuava a me fazer sonhar que num futuro não muito longe, quando possuísse a minha casa própria, elas ocupariam um lugar de destaque e que me fartaria de usufruir do seu embalo. Entretanto, quando casei em 1972, ainda cursando faculdade, as cadeiras de balanço dos meus sonhos, não foi possível fazer parte do meu enxoval, pois tínhamos outras prioridades e naquele momento elas não seriam tão necessárias. E, assim, adiei ainda por um tempo a compra-las. Chegou o nosso primeiro filho. Ele chorava dia e noite. O que fazer para acalentá-lo? Acalentá-lo na rede e foi por pouco tempo, poque de tanto balançar o armador quebrou. O jeito foi comprar cadeiras de balanço de ferro, o custo bem mais barato. E serviu muito para embalar os meus filhos quando bebês. Algum depois, meus filhos já não careciam dos embalos para dormir, e, aí é que foi possível comprar as almejadas cadeiras. Diga-se de passagem, fiz a compra sem a presença do meu esposo, que naturalmente acharia exorbitante o preço e não ia permitir que a fizesse. Lembro muito bem que as comprei nas Lojas Dular, de propriedade de seu Raimundo Nonato, que ficava na Rua São Pedro, próxima da Prefeitura e, em frente da loja de assistência técnica a eletrodomésticos, de propriedade de João Fernandes, Pramak. Neste dia comprei as cadeiras e uma bicicleta para o nosso caçula, Daniel Junior, Michel possuía uma berlineta. Quase não durmo, apreciando e admirando as cadeiras. Em nossa casa anterior, localizada na Rua Santa Rosa, elas tinham espaço suficiente para mudar de lugar, ficava na copa, na sala de estar, no escritório de Daniel e no meu ateliê. Nossas netinhas, Heloísa e Isadora, foram embaladas ao ritmo certinho do vai-e-vem, acompanhado de cantigas de ninar para que dormissem. A música e o balanço funcionavam como um sonífero para fazê-las dormir. Depois, em suas brincadeiras, elas é que colocavam suas bonequinhas (filhinhas) para dormir. Os meus filhos não desfrutaram tanto do assento destas cadeiras, as brincadeiras eram outras. Mas, como tudo passa na vida e tem seu fim, eis que chegou a hora de me desfazer das cadeiras, o seu papel foi desempenhado com louvor, agora, as coloquei à venda por conta da mudança de casa. Na atual casa que estamos morando, elas, não tem mais sentido. A casa é bem menor e está difícil acomodá-las e não quero que fiquem estragadas. A dupla é joia rara e, foi muito bem cuidada, zelada, recebeu muito carinho ao lustrá-las para que ficassem sempre com o aspecto de novas. Sintam-se a vontade para comprá-las, o preço é muito bom e elas estão bem conservadas. E para um melhor esclarecimento, o que posso dizer: “Cadeira de balanço combina com embalo de mãe. Com abraço amigo, de balanço demorado e ritmado, que só o coração sabe. Combina com liberdade. E mesmo sozinha, se balança, em dias de vento, prevendo os tempos chegando. Combina com vó tricotando, e contando histórias. Combina, com equilíbrio. O embalo certinho do vai-e-vem, sem incomodar, sem apressar, conseguindo uma sintonia que cada um tem, o ponto exato, onde a única coisa que desejamos é permanecer ali, em silêncio, somente a obrigação do ócio. 

Leitores, vocês devem ter pensado, tanto empenho para realizar um sonho, e depois, vender. Pois é, esta história tem um final feliz.  Algumas pessoas interessadas vieram olhar, mas notei que olharam com tanto desprezo, com desdém posso até dizer. Então, pensei com os meus botões, elas não serão cuidadas como eu tenho cuidado. Limpando, zelando, lustrando. Desisti da venda e, elas são para mim como pessoas da família, fazem parte da minha vida e do amor que vivi.



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