UMA HISTÓRIA DE PROFUNDA E VERDADEIRA AMIZADE

  

Minha irmã caçula, Analuce, nas férias escolares sempre gostava de vir passá-las em nossa casa, porque mamãe tinha se mudado para Fortaleza. E foi, numa dessas viagens, que conheceu Arnóbio Barcelar Caneca Junior e iniciaram um namoro. E, desse namoro, a afinidade foi crescendo, o amor chegando e, resolveram fugir. E o pior é que ela estava hospedada em nossa casa e Junior, em Fortaleza, ele residia lá. E, muito jovens, apaixonados, combinaram por telefone ele esperá-la na Rodoviária de Fortaleza. E, assim, aconteceu. Da rodoviária mesmo, foram para a casa da mãe de Junior, dona Edna. E, depois de alguns dias é que comunicaram para mamãe. Recebemos uma ligação de mamãe para certificar-se da veracidade do fato, e ficamos bastante surpresos, eu e Daniel, com a notícia. Não percebemos da parte da minha irmã nenhuma atitude estranha, nenhuma dissimulação. Então, o que responder para mamãe, a verdade, que Analuce já tinha viajado há alguns dias, e não podíamos fazer mais nada. O casamento civil aconteceu e eles ficaram morando na casa de dona Edna, durante uns seis meses. Enquanto desocupava uma casa na cidade 2000 de propriedade de Jane, irmã de Junior, eles foram comprando o enxoval. Logo que ficou desocupada a casa a mudança foi feita. Finalmente, o lar doce lar, razão própria de recém-casados. Por algum tempo ficaram nessa casa, depois mudaram para uma casa mais próxima do trabalho dele. E, em nossas férias de trabalho e escolares dos filhos, íamos passar uns dias na casa de mamãe e sempre Analuce e Junior nos visitavam. Saíamos para o comércio, para a praia. E a conversa entre Daniel e Junior era intensa. Longos papos e a amizade e entrosamento chegando. Daí, quando chegou Luciana, a primogênita, recebemos o convite para apadrinhá-la. O convite foi aceito de imediato. A primeira sobrinha, quanta alegria senti, da minha parte, porque só tinha sobrinhos. O argumento de minha irmã é que eles confiavam muito na gente, no nosso procedimento. O batizado aconteceu em Fortaleza. Chegou a segunda filha, Juliana e chamaram-nos novamente para sermos os padrinhos, acontecendo a mesma coisa, com o terceiro filho, Rafael. Confiança triplicada a esse casal, Neuma e Daniel. Estes batizados aconteceram em Juazeiro, na Matriz de Nossa Senhora das Dores, celebrado pelo padre Murilo, amigo pessoal nosso. A amizade cada dia mais se consolidando. Casas de praias em Fortaleza, alugávamos juntos e, dividíamos as despesas. Passeios para Juazeiro com as crianças, Junior e Analuce chegavam enfadados da longa viagem de carro e as crianças perturbando, e a perguntar: "Tá perto? E não chega, mamãe? É muito longe. Já tó cansado papai. Uma ladainha contínua. E quando desciam do carro a alegria estampada nos rostinhos dos sobrinhos. Os abraços, os beijos não paravam mais. Acomodados, vamos para o banho, uma verdadeira folia. Sempre eram férias maravilhosas que desfrutávamos. Ligações telefônicas diárias de Junior para Daniel e vice-versa para falar sobre internet, programas,  Word Explorer, e o mais importante de tudo isso foi a elaboração do Juazeiro do Norte online, jornal eletrônico semanal de divulgação de Juazeiro do Norte-Ceará. A ideia partiu de Daniel, mas quem formatou, quem executou o trabalho foi Junior. E é este o motivo que levava os dois a discutirem, debaterem todo trâmite da realização. Das mudanças e novas ideias das tecnologias. De programação de viagens. As gargalhadas dos dois nas ligações. Os projetos. As viagens que fizemos juntos para Petrolina, Garanhuns, João Pessoa, Recife, Viçosa, Mossoró de carro, Daniel e Junior na frente e Analuce e eu atrás. Trocavam de motorista e o monhequinha de ouro como era chamado não cansava de dirigir, não tinha muita confiança no compadre na direção. Conversas, brincadeiras o tempo todo.  Tudo isso fez parte dessa amizade tão bem alicerçada. E como fomos muito bem recebidos por Analuce e Junior quando tivemos que viajar à Fortaleza para tratamento de saúde de Daniel e ficamos hospedados em seu apartamento. O quarto do casal ficou à nossa disposição, apesar de não ficarmos muito satisfeitos. Daniel, não demonstrava nenhuma satisfação em ficarmos hospedados em casa de parentes, ele sempre repetia. Porém, no apartamento deles, ele se sentia muito à vontade e me dizia: “Neuma, eu só vou porque é para o apartamento de Junior, caso contrário, prefiro ficar hospedado em hotel”. Daniel, já não estava muito bem, e Analuce ligava diariamente para saber notícias. Junior, mais arredio, calava, escutava as informações que Analuce lhe repassava, e ficava triste com as notícias. Daniel, já hospitalizado, no dia de sua piora, minha irmã liga, e pergunta: “Como Daniel, está?” Respondo, desesperada, “ele está morrendo”. Ela, sabendo da opinião de Junior, responde imediatamente: “Já estamos indo pra aí”. Fiquei aliviada, sabendo que podia contar com esses ombros amigos, silenciei. À tardinha eles chegaram, viagem de transporte próprio, não encontraram voo para este dia, senti segurança com a presença deles. Após, o falecimento de Daniel, ficaram comigo durante uma semana para me dar suporte. Vivendo cada dia o melhor que posso e sendo alimentada com as ligações diárias que recebo da minha irmã. E em uma das últimas ligações, ela falou da praça que estavam construindo no sítio. E a proposta do nome foi sugerida por Junior, homenageando o meu amado, Daniel. Como não agradecer e enaltecer uma amizade tão pura, repleta de afinidades e que proporcionou e encantou muito os dias de Daniel.


                  

                  

                

             

                           





    



    


     








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