QUITÉRIA, UMA GRANDE AMIZADE QUE SURGIU DE UM SORRISO

 

                    Em 1969, fui a pedido de minha mãe, Zeneida, irmã da esposa de titio Valdo, Maroli, trabalhar com ele na Lojas Credilar, de sua propriedade, localizada à Rua São Pedro, vizinho à loja de seu Severino Alves, A Vencedora. E assim, assumi, em 1º de setembro o meu 1º emprego. A recomendação que recebi de titio era que João seria o meu orientador, pois, como funcionário antigo, seria a pessoa certa para mostrar e me ensinar o que deveria fazer. Além dos auxílios que recebi de titio e de Socorro, sua filha e minha prima. Passado o tempo, saiu a funcionária Francisca Gonçalves para casar, ficando sua vaga. João, então, falou com titio para colocar Quitéria, sua amiga, na vaga que surgiu. Aceita a indicação, Quitéria assumiu o trabalho na outra loja (filial), um pouco abaixo da Matriz. Quando fui apresentada à ela, senti que seríamos bem amigas, confidentes, posso assim dizer, "Ela me cativou e eu a cativei." Da amizade dela com João, passou a ser namoro, depois noivado e, por fim, a realização do sonho, o casamento, que aconteceu em outubro de 1976, na Paróquia de Nossa Senhora de Lourdes. Quitéria, então deixou a loja para se dedicar ao lar. Passaram a residir na Rua da Glória, perto da Cagece. Quando Allana nasceu, em 16 de agosto de 1977 eles ainda moravam nessa residência, fui até visitá-la, em uma manhã de agosto, encontrando dona Sílvia banhando a nenê. Na minha cabeça, esperava que fôssemos convidados para apadrinhá-la, mas o convite não veio e cheguei a ficar desapontada. Mais um rebento chega, Ana Karenina, nasceu em 30 de setembro de 1980 eles tinham mudado de endereço e, estavam morando na Rua São Francisco, bem próximo da Escola do Comércio. Dessa vez, fomos Daniel e eu, em um dia de domingo. Conversa vai, conversa vem, risadas, o licor foi servido e, nada de convite para sermos os padrinhos. Resolvi falar pra Quitéria, devido à nossa intimidade, pensei que seríamos comadres, mas vocês não nos escolheram! Ela falou: Não fique triste, amiga, fica acertado assim, Allana, vai ser afilhada de Crisma. Fiz até um comentário, afilhado de Crisma, é ele quem escolhe o padrinho. Ela vai ser sua afilhada! Não se incomode. O tempo passando e um belo dia, ela me liga e, diz: Comadre estou grávida, e, soou uma gargalhada de felicidade. e vocês serão os padrinhos de Batismo. Seu irmão Fernando morre e o choque foi tão grande que ela perde o bebê. A tristeza lhe abate, deixando-a desolada. E ainda mais por saber que não poderia mais ter filho, devido à idade.  

                     Mas, Deus é quem determina tudo, e ela engravidou. Alegria no ar, porém, o medo lhe angustiava, porque, na verdade, era gravidez de risco. O filho nasceu, robusto, saudável e deram-lhe o nome de João Arthur, nascido no dia 04 de dezembro de 1997, em Fortaleza. Minha alegria estampada no rosto por recebê-lo como nosso afilhado. Nessa época, eles já residiam em Fortaleza, com a loja de assistência técnica em eletrodomésticos. A Pramak, que foi o pontapé inicial para que seguissem esse ramo de negócio. Eles tinham comprado de titio Valdo, uma pequena loja de peças que atendia aos clientes que compravam aparelhos em suas lojas. Como João ainda era funcionário da Lojas Credilar, Katia e Pedrinho, irmãos de João, assumiram a responsabilidade da Pramak. Os atendimentos cresceram muito e, devido ao bom desempenho, João recebeu um convite para dar assistência em Fortaleza dos produtos Brastemp, Consul, Arno e Walita. 

                     Com muita garra e fé em Deus se estabeleceram em Fortaleza. Contudo, a Pramak, continuava em Juazeiro, e Quitéria mensalmente visitava a loja. Com o tempo, minha comadre, muito cansada de viagens, e, sem mais estímulo para continuar com a assistência técnica, resolveram vender, depois de mais de 30 anos no comércio de Juazeiro. Dona Sílvia faleceu nesse ínterim e, às visitas à Juazeiro ficaram mais esporádicas. Quando vinha não deixava de nos visitar, para tomar café com bolo; almoçar com a gente; chupar picolé de coco. Ela, dizia: Não resisto, não tem como os seus picolés, comadre. 

                   Quando João Arthur foi aprovado no vestibular de Medicina, ligaram imediatamente participando o feito do nosso afilhado. Participamos do almoço comemorativo pela aprovação. 

                    Lembro de duas surpresas que ela me fez, uma foi na comemoração das nossas Bodas de Prata, época de Carnaval, ela ligou e disse: Ei comadre, não vai dar pra gente ir, é tempo de folia. Vocês vão nos perdoar. Desliga o telefone e de repente, chega em nossa casa, com um presente enorme, uma fruteira de mesa em prata. Falei: Você me enganou, sua danada! E no dia seguinte, estava na Missa na Capela de São Vicente, local que comemoramos. 

                     A outra surpresa, foi em um dia de meu aniversário, ela chegou acompanhada de Gardênia Garcia, de violão na mão e, do portão ela gritou: comadre escute o que quero lhe dizer. Gardênia começa a cantar.

                                            Amigo é coisa para se guardar
                                            debaixo de sete chaves, dentro do coração
                                            assim falava a canção que na América ouvi
                                            Mas quem cantava chorou, ao ver seu amigo partir

                                                          Mas quem ficou, no pensamento voou
                                                          Com seu canto que o outro lembrou
                                                          e quem voou, no pensamento ficou
                                                          com a lembrança que o outro cantou.

                                             Amigo é coisa para se guardar
                                             no lado esquerdo do peito
                                             mesmo que o tempo e a distância
                                             digam não, mesmo esquecendo a canção
                                             o que importa é ouvir a voz que vem do coração

                                                          Pois seja o que vier, venha o que vier
                                                          qualquer dia amigo eu volto a te encontrar
                                                          qualquer dia amigo a gente vai se encontrar.

                        Quero lembrar de você Quitéria, como uma comadre amiga e, como irmã do coração. Com aquele sorriso farto, com aquela alegria contagiante, com aquele gosto pela vida, e o prazer de espalhar felicidade por onde andava. É assim que lhe vejo e a verei sempre!

                                                         Até um dia! Adeus!  


                                            
 
                        

          

                             

           

                                  



Comentários

  1. Bonito, Neuma! Amigo é coisa para se estimar na vida e na morte... Deles e delas, sempre guardamos as lembranças da saudável convivência em toda a sua completude...

    ResponderExcluir
  2. Amizade,carinho alegria era assim Quitéria. Uma amiga muito querida. Saudades! Parabéns! Neuma pelo relato.um forte abraço.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

UMA HISTÓRIA DE DESAPEGO

1º ENCONTRO DE GERAÇÕES DAS FAMÍLIAS: MACÊDO, NASCIMENTO E SAMPAIO

ROMEIROS SÃO BEM ACOLHIDOS PELA CAJUINA SÃO GERALDO