SEU NOVINHO, PAI E MÃE DE GÊMEOS

 

                         Nos meus passeios de carro para desopilar de dias tenebrosos e de tristeza, passando no bairro  Tiradentes, na Rua Ver. José Almeida Gonçalves, 558, vi um verdadeiro jardim na calçada que me chamou a atenção. Parei o carro e vi, saindo de dentro das plantas um senhor franzino. Saudei-o com um bom dia e, lhe falei: "Estou admirada com o seu jardim na calçada, muito bem cuidado, parabéns!" Ele riu muito satisfeito. Desci e comecei a conversar com ele, pedi que ele usasse a máscara para nos proteger, ele assentiu e, sem delongas ele recitou uma poesia bem interessante sobre o mal do momento, a covid-19. Quis gravar, mas não deu tempo. Expressava muito rápido o verso e também era longo. Apesar de ser uma pessoa não muito letrada, explicou muito bem o que tem causado essa terrível doença. Perguntei o seu nome, ele me disse: "Meu nome é João Claúdio, mas ninguém me conhece por esse nome, sou conhecido como Novinho. 

                        Continuando a conversa pedi algumas mudas de plantas que não tenho e, lhe ofereci das minhas. Combinei que em um dia qualquer passaria por lá para entregar as mudas. No dia em que fui entregar, sentado no batente da porta, vi dois jovenzinhos que estavam bem juntinhos, curiosa como sou, perguntei: "Vocês são muito parecidos, acho que são gêmeos!" Seu Novinho se identificou logo, dizendo: "São meus filhos, sim, eles são gêmeos." Não me contentei só com esta afirmação e, perguntei-lhe: "Eles estudam?" - Estudam minha senhora, eles estão fazendo o 6º ano. E a idade deles, quis saber. "Estão com 11 anos." Daí surgiu mais conversa e, ele me falou: "A mãe nos abandonou, não queria ter trabalho e nem cuidar deles e, foi embora. Os filhos começaram a rir, um pouco encabulados, e o pai continuou: "Nesse tempo eu trabalhava como vigia, como não tinha com quem deixá-los, levava-os em um carrinho e no local colocava uma lona no chão e eles passavam a noite." - Dona, sou muito feliz com esses meus meninos, não me dão trabalho e, são muito afeiçoados a mim; me respeitam! Para eles, sou pai e mãe. Compro roupas, calçados, o que precisar. E essa vendinha é que nos sustenta. Os vizinhos gostam muito de mim, e digo pra senhora, que sou uma pessoa do bem, sou muito feliz e dou a minha vida por eles, meus filhos, Lucas e Luan. Os meus amores!

                         Histórias que emocionam!!!