AS RECORDAÇÕES CONTINUAM DA RUA SÃO JOSÉ TÃO QUERIDA POR MIM

     Quarteirão que frequentei muito, ficava acima da minha casa por ter a residência de duas tias entre as Rua Alencar Peixoto (antiga Rua São João) e Rua Cloves Beviláqua (antiga Rua dos Passos). Mamãe tinha o costume de pela manhã visitar suas irmãs e à noite elas infalivelmente vinham conversar com mamãe. A gente adorava a amizade das irmãs porque tínhamos um bom motivo para brincarmos enquanto elas se esbaldavam com suas palestras. Papai era muito severo com relação a nossa educação. Proibia que brincássemos na casa dos vizinhos. Porém, vez por outra ele permitia que brincássemos fora de casa com os primos e primas, na casa de titia Maroli e de titia Odete. Nessas idas e vindas neste trecho fui me familiarizando com os moradores. Aqui e acolá ouvia um pequeno comentário dos conhecidos de papai e de mamãe: “a filha de seu Lulu e de dona Zeneida já está se pondo mocinha”. Envergonhada soltava um risinho amarelo. Quando papai adoeceu, a nossa casa estava em reforma ele teve que ficar hospedado na casa de titia Odete e de Zé Leornes. Durante esse período de tratamento ele recebia muitas visitas dos vizinhos e amigos do trecho da nossa casa e também dos vizinhos das minhas tias. Por esse motivo fiquei conhecendo ainda mais as pessoas desse quarteirão, entre os quais:




Seu Eliseu Bispo e dona Dela, moradores da casa nº 793. Frequentei muito essa casa quando adolescente por ser amiga de sua filha, Nininha. 


Seu Chico Paladar e dona Cesarina, moradores da casa nº 809. Ele um comerciante próspero com um armazém de cordas, cestos de cipó, chapéus de palha, abanos etc, e também proprietário de uma empresa de ônibus, o motorista era seu filho Leó.

 

Seu Olegário Lima e dona Mariquinha, moradores da casa nº 817, pais de Iraci. Quando conheci Iraci me chamou muito a atenção a sua altura, para os padrões da época era fora do normal. Quando fui pegar sua foto e algumas informações, ela confessou que já sentiu muito complexo por ser alta e magra, mas superou. Mora nesta mesma casa há mais de 60 anos. 

Chiquinha era funcionária pública da Prefeitura, morava com três irmãos: Tetê, Cícero e Gerado, todos já falecidos. Chiquinha era aposentada como funcionária Pública da Prefeitura,  seus últimos dias foi em uma cadeira de rodas, os vizinhos que forneciam a sua alimentação e o seu cigarro.

                               

Seu Francisquinho e a professora Letícia Amaral. Professora abnegada que assumiu a sua missão de ensinar temperada com amor. Não aceitava que o aluno não aprendesse, insistia, insistia até conseguir o intento. Fui sua aluna na época de admissão ao ginásio. Para me submeter a esse vestibular passei um mês estudando com ela. Na casa que eles moraram, de nº 823, outros inquilinos que chegaram ainda moram:  Chiquinha, Tetê, Cícero e Geraldo. 

Zé Leornes e titia Odete, a casa de nº 827, abrigou muitas esperanças e sonhos. Titia nos ensinava adivinhações na noite de São João, e era lá que fazíamos as brincadeiras com a sua ajuda. Lembro que na entrada de sua casa tinha um canteiro de flores, chamada Entrada de Jerusalém, tão linda na cor rosa e branca. Titia Odete muito engraçada implicava com os cabelos e gostava de enrolar papelotes para que ficassem encaracolados. Foi minha madrinha de Crisma.

Titio Valdo e titia Maroli, casa nº 836. A casa muito grande saía até a Rua Santa Rosa. Do lado da casa devido o terreno ser muito grande titia Maroli cultivava um pomar, com laranjeira, coqueiro, figueira, goiabeira e bananeira. E a rocinha de feijão e milho que Beba junto com os meninos plantava, Fernando me lembrou. Era na realidade um pequeno sítio, dava até para brincar de esconde-esconde. Como tudo era bom. Tempos depois titio Valdo resolveu vender uma parte do terreno e foi nele que Gláucia Norões construiu sua casa, ficou com o nº 820.

Seu José e dona Bidesa, ele durante um bom tempo foi pintor de casa, passou depois a ser funcionário da Celca (Companhia de Eletricidade do Cariri). Dona Bidesa zelou durante 27 anos a Capela de Nossa Senhora do Socorro. Moraram durante muito tempo na casa de nº 857. Atualmente dona Bidesa reside na Rua José Marrocos, seu esposo já faleceu. 

Seu Branco e d. Elita, tiveram uma só filha Joselita e, uma neta Socorrinha. Dona Elita, amiga de minha mãe sempre a visitava  para boas conversas.

Seu Josino Araruna e dona Mariquinha, moradores da casa de nº 871. Seu Josino, homem alto, tipo galã, andava muito arrumado. Sua esposa, dona Mariquinha, uma senhora muito fidalga, dócil, simpática e amiga.


Nininha Bispo passou a residir nesta casa, após a morte do casal. Era professora aposentada, sofreu um acidente ficando com algumas sequelas. Amiga de infância e de juventude. 


Seu Branquinho e dona Naninha, moradores da casa nº 875. Pais de dona Dela, Maroly, Zezé e Sissi. Dona Naninha, a imagem que tenho dela é de que era baixinha, franzina, cabelo grisalho, repartido ao meio e feito um cocó com uma travessa. Sua filha Maroly morava com eles, hoje aposentada como professora do Estado.

Seu João Lopes e dona Minervina, moradores da casa de nº 854. Pais de minhas amigas, Valdecy, Fátima e Lurdite. Seu João Lopes proprietário da loja de aviamentos, Casa das Rendas, localizada no Edifício M. Oliveira, na Rua São Pedro. 




Na casa de nº 909, moravam seu Júlio e dona Maria Barbosa. Casal muito religioso, devotos do Padre Cícero, por sinal ele frequentava a casa do Padre Cícero, porque seu pai amigo fiel do religioso recebeu um terreno para construir sua casa. Segundo sua filha, Lalís, dona Maria Barbosa, sentia grande prazer em receber os amigos para a renovação do Sagrado Coração de Jesus, era a única festa que fazia em sua casa. Ainda falou que seu pai, trabalhou na construção de Brasília. Júlia, sua outra filha, falou que dona Maria Barbosa foi uma das primeiras a vender confecções no Mercado Público de nossa cidade.

Ademar Mota e Margarida, ela filha de seu Argemiro Mota e de dona Clotilde, casa de nº 904. Na esquina de nº 914, funcionava uma bodega de propriedade de seu Zé Chapeado e de dona Mãezinha.

Procuro resgatar, caros leitores, de uma forma não tão precisa, pessoas que eu cumprimentava ou via nas andadas frequentes por esse trecho quando criança e até a idade adulta. Constatei que são poucos os moradores que continuam na mesma casa. Foi maravilhoso fazer esta viagem de um tempo que vivi. Estejam a vontade para acrescentar mais lembranças, aumentando assim o resgate de pessoas que fizeram e as que ainda estão fazendo a história.


                      






Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

UMA HISTÓRIA DE DESAPEGO

1º ENCONTRO DE GERAÇÕES DAS FAMÍLIAS: MACÊDO, NASCIMENTO E SAMPAIO

ROMEIROS SÃO BEM ACOLHIDOS PELA CAJUINA SÃO GERALDO