SORRIA, MEU BEM
Rir ainda é o melhor remédio para atravessar um turbilhão de dificuldades
RAFAEL CANECA
“É melhor
ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe”, dizia e
cantava Vinícius, nosso Poetinha. Seis de novembro, último sábado, foi dia
nacional do riso, e quero convidar você, leitor desta coluna, a deixar um pouco
a seriedade de lado e rir. Sem pudor, sem vergonha, sem preocupação;
parafraseando outro ícone da música nacional, simplesmente, ria, meu bem, ria!
O riso faz
parte da minha formação enquanto ser humano. Nunca me identifiquei nem me
encontrei naquelas leituras em que os pais são retratados como homens sisudos,
de poucas palavras e fechados em si – sei que eles existem, mas na minha casa
nunca foi assim. Meu pai até hoje é meu companheiro de piadas e trocadilhos,
vastos conhecimentos que adquiri em livros de anedotas e nos momentos em que,
criança, de férias, eu ia para o seu trabalho e passava o dia navegando na BBS
lendo sites de humor.
Mas antes de
saber ler, eu já havia conhecido o 137. Sim, o disque-piadas! Confesso que eu
era bem criança para entender muitas delas, mas isso não era culpa só da pouca
idade: nem mesmo os mais velhos as entendiam! O som abafado, a velocidade com
que elas eram contadas, a dicção dos interlocutores, tudo atrapalhava. O que
nos fazia rir mesmo eram as risadas gravadas ao final. Porque o riso contagia.
Contagia
tanto que, no finado Orkut, eu destinava todo dia um espaço na minha página de
recados para publicar adivinhações e contar piadas, apenas para fazer meus
amigos e conhecidos rirem mais. Por um tempo, até que funcionou: ouvi relatos
de pessoas que diziam acessar o meu perfil só para ler a “piada do dia”.
Pode-se dizer que, durante um tempo, eu fui o 137 da era digital paleolítica.
Teve um
momento na minha vida, no entanto, em que achei que crescer estava atrelado a
ficar (um pouco) mais sério e parei com as piadas e os trocadilhos. Do riso,
fez-se o pranto, e a vida ficou muito chata. Eu, que cresci na escola Chaves e
Monty Python de humor, não aguentei nem uma semana de seriedade e voltei com
força total, até hoje!
Escolhi
fazer do riso um estilo de vida, e nem precisei tornar-me um humorista
profissional para tanto. Tento espalhar o bom humor seja onde for, e, com meus
textos, busco tirar dos meus leitores um riso sincero. Pode ser de canto de
boca ou uma verdadeira gaitada – aquela que repetimos sempre que ouvimos, como
a que dou toda vez que escuto minha filha de dois anos de idade gargalhando!
Filha de peixe…
Não são
tempos fáceis, é verdade; a tarefa parece impossível quando levamos em conta a
realidade atual, principalmente brasileira. Mas nós tentamos! E, com uma fala
mansa, mesmo que a vida não esteja assim tão boa, deixo aqui o convite final:
vamos rir à toa?
08 de
novembro de 2021
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